Às vezes, melhorar um software exige um olhar para fora do ecossistema ao qual ele pertence. É o que o Google está fazendo: nesta semana, a companhia revelou que está financiando um projeto para aperfeiçoar partes do kernel Linux com a linguagem Rust. Essa mudança pode, indiretamente, aumentar a segurança do Android, do Chrome OS e até dos servidores do Google.
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O Linux é baseado em C, uma linguagem de programação robusta, mas antiga: o seu surgimento ocorreu na década de 1970. No ano de 1991, quando o kernel foi lançado, a linguagem se mostrava ideal para esse tipo de projeto.
Hoje é diferente. Teoricamente, linguagens mais atuais são menos suscetíveis a hacks e vulnerabilidades. É o caso da Rust: a linguagem surgiu pelas mãos da Mozilla em 2010 e, desde então, encontra espaço em numerosos projetos por ser eficiente, versátil e confiável.
Acredita-se que esses fatores podem ser benéficos para o Linux em vários sentidos. Como já ficou claro, um deles é o da segurança. A linguagem Rust é moderna e, portanto, mais bem protegida contra determinadas formas de ataques.
Um exemplo: grande parte das ações maliciosas é executada por meio da inserção indevida de dados em áreas da memória (como o problema do buffer overflow); pois bem, a linguagem Rust é capaz de proteger o software de ataques do tipo.
Outro fator é o efeito sobre a comunidade: o suporte à linguagem Rust pode fazer o número de desenvolvedores que contribuem para o Linux aumentar consideravelmente.
Objetivo não é reescrever o kernel
O projeto apoiado pelo Google foi batizado de Rust for Linux e foi criado por membros da própria comunidade do kernel. O objetivo não é reescrever o Linux em Rust, mas partes específicas dele. Além disso, a linguagem deve ser usada para implementação de novos componentes no kernel.
Para o Google, a iniciativa é interessante porque o Linux é a base do Android e do Chrome OS. Se a linguagem Rust melhorar a segurança do kernel, esses sistemas operacionais serão beneficiados por esse avanço em algum momento. Além disso, o Google também utiliza Linux em servidores, logo, seus serviços também poderiam ser beneficiados.
Como é o apoio do Google
O Google não trabalha diretamente com o projeto. Em vez disso, a companhia apoia o Internet Security Research Group (ISRG), organização sem fins lucrativos que está por trás da autoridade certificadora Let’s Encrypt.
Por sua vez, a parceria entre Google e ISRG surge para remunerar o trabalho de Miguel Ojeda, desenvolvedor que criou o software do acelerador de partículas Grande Colisor de Hádrons e que também contribui com o Linux. A ideia, com o apoio financeiro, é permitir que Ojeda se dedique ao projeto em tempo integral.
Isso não quer dizer que todas as propostas feitas por Ojeda e os demais colaboradores do Rust for Linux serão aceitas. Obviamente, toda e qualquer mudança submetida terá que passar pela rigorosa análise da comunidade que mantém o kernel.
De todo modo, Linus Torvalds, criador e mantenedor do Linux, já deixou claro que não se opõe a mudanças que possam ser apresentadas a partir do projeto, desde que os desenvolvedores consigam comprovar as vantagens dos códigos em Rust.
Com informações: CNET.
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