Milhares de cubanos levaram sua insatisfação com o governo às ruas, em uma das maiores manifestações contra a ditadura em décadas. O presidente da ilha, Miguel Díaz-Canel, chamou os manifestantes de “mercenários” e respondeu à altura: WhatsApp, Instagram, Facebook e Telegram foram bloqueados no domingo (11), dia em que os protestos tiveram maior adesão popular.
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Estatal de telecomunicações cubana bloqueia mensageiros
Dados da NetBlocks, organização que mapeia a atividade da internet em países onde a liberdade de expressão está em risco, como Cuba, constam que os apps de mensagens tiveram restrições de acesso no domingo (11).
Quem dificultou o acesso aos servidores de WhatsApp, Telegram, Facebook e Instagram no final de semana foi a estatal ETECSA (Empresa de Telecomunicaciones de Cuba S.A), dona da única operadora de celular no país, a Cubacel.
Ao todo, o front-end e o back-end de servidores de 50 plataformas foram limitados ou completamente bloqueados pela estatal. As mais afetadas foram Telegram e Facebook, com aumento na latência de conexão de 90% e 87%, respectivamente.
O bloqueio de internet já foi uma tática empregada em outras ocasiões pelo governo para diminuir a circulação de informação e adesão a manifestações: foi usado quando cubanos protestaram por maior liberdade artística em novembro de 2020.
Cuba tem maior protesto contra ditadura em décadas
No final de semana, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra o regime Díaz-Canel. Manifestantes reivindicam melhora na economia e no tratamento de pacientes com COVID-19; Cuba vive o pior momento na pandemia, com escassez de comida e medicamentos para tratar doentes com o novo coronavírus.
Com as restrições de viagem, a ilha teve queda no turismo — um de seus principais pilares econômicos. Outro setor estratégico é o de exportações: a maior commodity, o açúcar, foi prejudicado por safras abaixo das expectativas.
Isso levou cubanos a exigirem o fim da ditadura no país. Mas a polícia entrou em ação, prendendo ao menos 100 ativistas que participaram dos protestos, segundo o centro de assistência jurídica Cubalex.
Apagão de rede e prisões levam cubanos às delegacias
O apagão de internet provocado pelo governo junto às prisões levou centenas de cubanos à porta de delegacias pelo país, atrás de informações sobre parentes e amigos detidos durante as manifestações.
Family members of arrested protesters are turning up at police stations in Cuba and demanding their release. pic.twitter.com/064lpD6sKQ
— Kyle Glen (@KyleJGlen) July 12, 2021
O cubano Ariel González disse à BBC Mundo que ele esteve em uma delegacia próxima à sua casa para saber o que aconteceu com seu filho, um estudante de 21 anos preso pela polícia.
“Eu sabia que ele tinha sido detido porque alguns dos amigos dele que presenciaram a cena me contaram. Na delegacia, eles [os policiais] me contaram que não poderiam me falar para onde meu filho foi levado porque ele foi preso por outra ‘instituição’”, disse González. O cubano se refere à presença de policiais não uniformizados nos protestos.
O presidente Díaz-Canel culpa as sanções dos EUA pela escassez de comida e medicamentos de Cuba. O chanceler cubano disse que as manifestações são financiadas pelos norte-americanos.
Joe Biden, presidente dos EUA, afirma que está do lado dos cubanos, e clamou para que os governantes da ilha vizinha ouçam as demandas das ruas.
Com informações: BBC News e NetBlocks
Cuba bloqueia WhatsApp e Telegram em meio a protestos no país
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