A rede social Gettr, feita para conservadores, foi lançada nesta semana em meio a diversos problemas: ela sofreu um ataque hacker no dia da inauguração, foi inundada por conteúdo adulto envolvendo Sonic (!), e deixou uma falha exposta que permitiu coletar dados de quase 80 mil usuários. Isso inclui diversos apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump e de Jair Bolsonaro, segundo apurou o Tecnoblog.
Quais dados vazaram da Gettr?
O especialista em cibersegurança Alon Gal explica no Twitter que, devido a uma API mal implementada na Gettr, foi possível extrair nomes reais, nomes de usuário, ano de nascimento e endereços de e-mail – esta última informação deveria ficar oculta para o público. Uma base de dados contendo tudo isso foi publicada de graça em um fórum na última terça-feira (6).
Uma análise realizada pelo Tecnoblog encontrou 78.268 endereços de e-mail expostos na base vazada. Desse total, 3.766 pertencem a contas que mencionam “Bolsonaro”, “Brasil”, “Brazil” e/ou nomes de cidades brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro etc.).
Entre eles, estão o senador Flávio Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli e o ministro Fábio Faria, cujos endereços de e-mail pessoais foram expostos.
A Gettr permite colocar uma bio no perfil, e a maioria das contas expostas se descreve com termos como “conservador”, “de direita”, “cristão” e “patriota”. Alguns mencionam a expressão “Deus, Pátria e Família”, lema do integralismo que foi usado por Bolsonaro na campanha eleitoral; além do slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Há 398 perfis que citam explicitamente o nome de Bolsonaro, contra apenas 35 que falam do rival político Lula. Por sua vez, contamos 3.911 contas que se referem a Trump ou a “MAGA”, slogan de sua campanha eleitoral.
A base foi vazada em um arquivo com o nome “Guttr”, palavra semelhante a “gutter” (bueiro em inglês). O perfil que postou o vazamento no fórum explica que conseguiu fazer a captura dos dados até a Gettr fazer uma alteração na API.
Em outro tópico do fórum, usuários planejavam uma operação para criar bots e gerar contas que “espalhariam uma pasta cheia de propaganda”. A pessoa que vazou os dados disse que só poderia ajudar mostrando como fazer a coleta via API, mas desejou sorte na empreitada.
O empresário Jason Miller, fundador da Gettr, comentou sobre a falha de segurança ao Motherboard:
A breve invasão que aconteceu na manhã de domingo foi rapidamente corrigida. Embora o problema já tenha sido resolvido, a Gettr leva a segurança cibernética a sério e realizou outra rodada de testes feita por uma empresa white hat.
Bolsonaro está na Gettr; Trump fica de fora
O lançamento da Gettr teve alguns contratempos: ela promete ser uma rede social sem a “censura” do Twitter e Facebook, então alguns perfis quiseram testar essa regra publicando conteúdo adulto relacionado a Sonic, fotos de homens idosos de cueca e memes de esquerda, segundo o Kotaku. As contas vêm sendo banidas.
A Gettr foi fundada por um ex-conselheiro de Trump, então muitos acharam que o ex-presidente teria participação na rede social. No entanto, esse não é o caso: ele não possui um perfil oficial na plataforma e, de acordo com a jornalista Jennifer Jacobs da Bloomberg, não terá nenhum envolvimento financeiro.
Por sua vez, Bolsonaro já tem uma conta verificada na Gettr, que basicamente republica os tweets do presidente. O deputado Eduardo Bolsonaro também possui perfil, e em uma de suas postagens, ele diz:
Aqui não temos a censura do Google e demais redes sociais esquerdistas. A liberdade de expressão é respeitada. Qual a real opinião de vocês sobre o tratamento precoce, vacinas experimentais, eficácia da Coronavac, isolamento social e imunidade de rebanho?
Exclusivo: Gettr, rede social pró-Trump, vaza dados de apoiadores de Bolsonaro
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