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Bitcoin, ether, NFTs e metaverso: como tudo isso se encaixa?

Metaverso une NFTs e cripotomoedas para definir futuro da tecnologia (Imagem: Guilherme Reis/ Tecnoblog)
Metaverso une NFTs e cripotomoedas para definir futuro da tecnologia (Imagem: Guilherme Reis/ Tecnoblog)

Um breve resumo de 2021: os preços das criptomoedas decolaram, NFTs de absolutamente tudo que se possa imaginar foram criados, jogos em blockchain começaram a formar renda familiar e, mais recentemente, Mark Zuckerberg jogou a bomba da “Meta” e do metaverso. É natural ficar confuso com tantas novidades, mas se prepare que as maiores inovações ainda estão por vir.

São muitas palavras e conceitos para assimilar. Além disso, a tecnologia, o mercado e as aplicações práticas do blockchain e das criptomoedas seguem evoluindo diariamente. Mas, no final das contas, tudo acaba convergindo no tão esperado (e ainda pouco compreendido) metaverso.

Todos esses fatores estão conectados e impulsionam um ao outro. O recente “boom” no mercado de NFTs incentivou a compra e o uso de criptomoedas, especialmente o ether, nativo do blockchain da Ethereum. O bitcoin está “surfando” nesta onda de valorização, com suas próprias conquistas a serem destacadas, como o lançamento dos primeiro ETFs (exchange-traded funds) nos Estados Unidos.

Chegamos então na palavra-chave “metaverso”. Ainda que esse conceito seja relativamente novo e definitivamente intrigante, é essa ideia que impulsiona cada vez mais a tecnologia blockchain, as criptomoedas e a descentralização. Realmente, é difícil de acompanhar. Por isso, estou aqui para conectar todos esses pontos.

Por que criptomoedas como o bitcoin estão subindo?

Acredito que a maioria das pessoas tenha tido contato com a palavra “descentralização” e com redes blockchain ao serem expostas às criptomoedas ao longo deste ano. Por isso, vamos começar falando delas.

Criptomoedas (Imagem: WorldSpectrum/Pixabay)
Criptomoedas (Imagem: WorldSpectrum/Pixabay)

As principais moedas digitais do mercado, como o bitcoin (BTC) e ether (ETH), atingiram vários recordes de preço ao longo de 2021. Os motivos para isso são muitos, desde grandes empresas realizando compras bilionárias desses ativos, como a Tesla fez em janeiro, até investidores do varejo conhecendo, aprendendo e entrando aos poucos nesse universo.

Além disso, as criptomoedas, tidas inicialmente como grandes oportunidades de investimento e vantajosas tanto no curto quanto no longo prazo, passaram a ter mais e mais funcionalidades práticas. Gigantes dos pagamentos, como a Visa e Mastercard, vêm integrando transações, cartões e outros serviços financeiros para moedas digitais.

O país centro-americano El Salvador tomou os noticiários do mundo todo ao se tornar a primeira nação soberana a adotar o bitcoin como moeda oficial no país. Já o ether ganhou uma relevância gigantesca com o crescimento dos contratos inteligentes e aplicativos de finanças descentralizadas (DeFi) no blockchain da Ethereum.

O mercado de capitais e os recordes das criptomoedas

Fazendo uma breve retrospectiva, o já bitcoin abriu o ano com um novo recorde de preço, valendo aproximadamente US$ 29 mil. Desde então, a criptomoeda mais que dobrou de valor, chegando a ser negociada por quase US$ 69 mil em novembro, segundo o índice CoinDesk. Tido como o “ouro digital”, esse ativo se consolidou como uma importante opção de investimento a longo prazo para muitas pessoas e empresas no mundo todo.

Preço do bitcoin em 2021 (Imagem: Reprodução/ CoinDesk)
Preço do bitcoin em 2021 (Imagem: Reprodução/ CoinDesk)

Já o ether, a segunda maior criptomoeda em valor de mercado e nativa da rede Ethereum, passa por um processo diferente. O ativo se tornou particularmente importante para uma série de serviços e ferramentas em blockchain. Por exemplo, os principais marketplaces de NFTs usam o ether em negociações. Além disso, a rede Ethereum é a preferida pela vasta maioria dos aplicativos descentralizados e contratos inteligentes. Assim, a moeda digital está sendo mais usada do que nunca.

 Preço do ether em 2021 (Imagem: Reprodução/ CoinDesk)
Preço do ether em 2021 (Imagem: Reprodução/ CoinDesk)

Conforme aponta o índice CoinDesk, o ether já supera o bitcoin em ritmo de valorização. Enquanto o BTC acumula um pouco mais 140% de alta em 2021, o ETH já subiu 650% somente neste ano. Claro, esses percentuais nem podem ser comparados às chamadas “shitcoins” baseadas em memes, como o dogecoin (DOGE) e shiba inu (SHIB), mas ainda assim representam a consolidação dessa classe de ativos em múltiplos setores, desde os investimentos até os pagamentos.

Em entrevista ao Tecnoblog, Mayra Siqueira, gerente geral de operações da Binance (maior corretora de criptomoedas do mundo) no Brasil, afirmou que o mercado cripto está passando por diversas ondas positivas como o lançamento dos ETFs e o “rebranding” do Facebook para Meta.

“Atualmente, as valorizações vêm sendo impulsionadas pelo índice de inflação dos Estados Unidos, que seria a maior alta dos últimos 30 anos. Assim, os investidores veem no bitcoin uma reserva de valor contra as altas nos preços, o que impulsiona a força compradora… Esse fenômeno se estende também ao ether e demais ‘altcoins’, que vão na esteira do BTC.”

Bernardo Teixeira, CFO da Ripio, uma das maiores exchanges da América Latina, também afirmou ao Tecnoblog que o grande destaque fica com a aprovação dos primeiros ETFs de bitcoin nos Estados Unidos.

“Isso trouxe ainda mais investidores institucionais para o setor e expandiu a quantidade de ativos que podem entrar no mercado de criptomoedas. Foram ETFs muito bem lançados em volume e agora estamos especulando quais serão os próximos fundos de investimentos americanos que vão comprar cripto”.

O crescimento nos preços das principais criptomoedas em 2021 são importantes especialmente para o mercado financeiro. Foram os investidores institucionais e do varejo que alavancaram o bitcoin, o ether, e até mesmo as controversas moedas digitais dogecoin e shiba inu. No entanto, o principal incentivo à compra sempre foi a expectativa de valorização e lucro, mas isso já está mudando.

O eixo do setor cripto se volta cada vez mais às funcionalidades práticas, facilidade para transações, a descentralização, privacidade, e aos demais benefícios que as finanças em blockchain oferecem. Um dos principais catalisadores para isso são os NFTs, ou tokens não fungíveis.

O papel dos NFTs no presente e sua importância no futuro

Em março de 2021, o artista digital Beeple realizou a venda de um NFT mais cara da história. Sua obra Everydays: The First 5000 Days foi leiloada por mais de US$ 69 milhões. Em poucos meses, o mercado de NFTs não apenas se consolidou como também movimentou rios de dinheiro. A tecnologia dos tokens não fungíveis começou na arte digital, mas rapidamente foi incorporada pela música, pelos games, cinema e muitos outros setores.

Tokens não fungíveis, ou NFTs (Imagem: Marco Verch/Flickr)
Tokens não fungíveis, ou NFTs (Imagem: Marco Verch/Flickr)

“É impressionante como esse mercado mudou, como ele ganhou força. Por mais que exista essa percepção que está tudo muito aquecido hoje em valor dos tokens, essas coisas mudam. No entanto, a categoria NFT veio para ficar. Creio que vamos continuar falando disso ao menos nos próximos dez anos. Enquanto alguns dos tokens que vemos hoje podem valer milhões no futuro, outros não terão valor nenhum.”

Bernardo Teixeira, CFO da Ripio.

Esse tipo de ativo digital é, na realidade, um produto. Qualquer coisa pode ser transformada em um NFT. Então, seu criador pode listá-lo em uma das diversas plataformas de negociação existentes. No entanto, as transações são sempre realizadas com criptomoedas, especialmente com o ether.

A rede Ethereum é a grande favorita dos projetos de NFTs. A maioria dos tokens é criada nesse blockchain, por isso o ether se consolidou como talvez a mais importante criptomoeda para transações na atualidade. Mas, outros nomes também ganharam relevância no setor de pagamentos por causa da ascensão dos NFTs. A Solana, por exemplo, é uma rede e uma criptomoeda muito usada para a compra e venda desses ativos.

Outro importantíssimo fenômeno que ocorreu em 2021 foi o boom dos chamados jogos “playto earn”. Estamos falando de games em blockchain cuja economia é baseada na tokenização de elementos in-game, ou seja, NFTs. O Axie Infinity, por exemplo, não apenas se consolidou como o maior de todos os jogos do gênero, mas já é o segundo projeto de NFT que mais movimenta dinheiro, segundo dados da plataforma de monitoramento de mercado NonFungible.

Graças a esses tokens, o uso de criptomoedas para transações disparou no mundo todo. Isso é importante especialmente para a consolidação da tecnologia descentralizada nas finanças do cidadão comum.

“O Facebook, o metaverso e os NFTs são aplicações dentro de blockchains que trouxeram em pauta tudo que está acontecendo na chamada Web 3.0, que vai muito além da Web 2.0 que já estamos acostumados.”

Bernardo Teixeira, CFO da Ripio.

Metaverso: o destino final?

Já vemos um mercado financeiro repensado para investir em criptomoedas, com direito a compras bilionárias de empresas e fundos de bitcoin e ether sendo negociados na Bolsa de Valores. Vemos o uso de moedas digitais em transações decolarem e serem implementadas no cotidiano do cidadão comum. Vemos os NFTs ressignificarem muitos conceitos e criarem um novo tipo de produto digital. Tudo isso só é viável através da tecnologia blockchain.

O metaverso mistura o mundo real com o virtual por meio de tecnologia (Imagem: Lucrezia Carnelos/Unsplash)
O metaverso mistura o mundo real com o virtual por meio de tecnologia (Imagem: Lucrezia Carnelos/Unsplash)

Mas, ainda há muito mais por vir. Na realidade, as possibilidades são inimagináveis, e o Facebook, ou melhor, a Meta já percebeu isso. O tão comentado metaverso deverá ser o ponto de convergência de tudo que foi falado até aqui.

“Um lugar de total interação digital”, define Mayra Siqueira. Por isso, nada mais natural que as criptomoedas, que são ativos digitais, façam parte desse contexto.

“Definir metaverso é um pouco complexo, mas quando eu penso nisso de forma mais concreta, me vêm à cabeça o Second Life, que foi algo que há uns 10, 12 anos apostava-se muito que seria o grande boom, com as pessoas e as marcas criando os seus perfis, mas ironicamente o Facebook explodiu como rede social nesta época, capitalizando todos esses esforços. Atualmente, os projetos que reproduzem essas características de mundo digital paralelo tiveram um forte buzz desde o anúncio da Meta, pois permitem gerar sistemas de economia interna usando a tecnologia blockchain.”

Mayra Siqueira, gerente geral da Binance no Brasil.

Hipoteticamente falando, os metaversos possibilitariam uma vida completamente digital, com sua própria economia. É difícil pensar em alternativas à descentralização e ao blockchain para tornar projetos do tipo viáveis. Portanto, as criptomoedas deverão ser o eixo de sua economia, enquanto os NFTs serão os produtos e bens de cada usuários, trazendo consigo a possibilidade de negociação.

Para Siqueira, os NFTs serão a “engrenagem mais importante, a ponte para a economia do metaverso rodar”. Bernardo Teixeira também acredita que esse conceito definitivamente “veio para ficar”. Para o executivo, tudo ainda é muito especulativo, não sabemos quais plataformas e tokens serão os principais dentre os metaversos, mas a relevância dos tokens não fungíveis e das principais criptomoedas do mercado num futuro próximo é algo certeiro.

O que muda para o cidadão comum?

Todas essas transformações digitais são empolgantes e assustadoras ao mesmo tempo. Afinal, como será o mundo nos próximos dez anos?

Já podemos prever o uso de criptomoedas no dia a dia, a ampliação do uso da tecnologia blockchain para ainda mais serviços, a tokenização dos mais diversos produtos como NFTs… Tudo isso convergindo na consolidação de um universo paralelo, completamente digital e com sua própria economia, que se fará presente em nosso cotidiano. “Já estamos vendo o início dessa realidade em El Salvador, que é o primeiro país a adotar o bitcoin como moeda de curso legal”, comenta Siqueira.

Deixando a imaginação fluir, Teixeira acredita que as “possibilidades são quase infinitas” e que vão existir coisas no futuro que nem sequer podemos imaginar hoje.

“Muita gente no mercado questiona como que o ‘mundo de criptomoedas vai revolucionar o mercado tradicional’… Eu acho que vai muito além disso. O mundo de cripto vai criar coisas que nem sequer existem nesse mercado, coisas totalmente novas. O NFT, por exemplo, é uma dessas inovações.”

Umas das expectativas que tenho é poder visitar uma loja 100% virtualmente, no conforto da minha casa. Com equipamentos de realidade virtual, eu conseguiria interagir com os produtos e com vendedores, e então realizar uma transação através de criptomoedas. A coisa comprada poderia ser simultaneamente um NFT e um objeto real, que eu receberia posteriormente pelo correio. Vendo tudo que está acontecendo, essa fantasia nem sequer parece tão distante da realidade.

Bitcoin, ether, NFTs e metaverso: como tudo isso se encaixa?

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