A Cryptoart.wtf, uma calculadora online que estima o impacto ambiental de arte criptografada, está sendo desligada. O motivo, segundo o próprio criador da plataforma, Memo Akten, é que suas informações foram usadas como “uma ferramenta de abuso e assédio”. O site providenciava estimativas de emissões de carbono sobre os registros e transações de NFTs, ou tokens não fungíveis, hoje muito utilizados no crescente mercado de arte digital.
Na última sexta-feira (12), o site publicou um comunicado oficial dizendo que informações sobre os prejuízos ecológicos que a criptoarte causam deveriam ser públicas e facilmente acessíveis por todos. Akten comparou seu trabalho à mesma contabilização que existe hoje das pegadas de carbono da produção de smartphones e até mesmo de serviços de streaming de vídeo.
Artistas digitais teriam se tornado alvos
Mesmo contra sua filosofia, Akten decidiu encerrar as atividades do site. Segundo ele, foram cometidos abusos e assédios morais com as informações providas pela Cryptoart.wtf. Ele não chegou a especificar ou exemplificar quais tipos de atos foram esses. Porém, como artista digital e programador, o teor de sua declaração indica que possivelmente aqueles que venderam suas obras de arte como tokens não fungíveis, ou NFTs, se tornaram alvos na internet.
Eu apoio artistas e nós deveríamos apoiar um ao outro… Nossas discussões não deveriam ser sobre comparar indivíduos. Eu acredito que temos a responsabilidade de ser críticos aos negócios cujos valores são opostos ao que queremos ver avançando, enquanto simultaneamente trabalhamos para construir e apoiar plataformas que evitam causar danos sem sentido ao nosso planeta.
Memo Akten, criador da Cryptoart.wtf
Criptoarte e as emissões de carbono
Enquanto estava ativa, a Cryptoart.wtf permitia que qualquer usuário rastreasse as emissões de carbono associadas a qualquer NFT, a tecnologia em blockchain mais utilizada hoje em dia para garantir a originalidade e exclusividade de obras de arte digitais. O próprio termo “criptoarte” foi implementado diante desse crescente movimento.
Mas afinal, como que uma obra de arte digital pode ser responsável por poluir o planeta? Assim como funcionam as criptomoedas, tokens não fungíveis são um registro permanente, imutável e criptografado em uma rede blockchain.
Essa tecnologia não é centralizada, ela exige que múltiplos computadores ao redor do mundo cedam seu poder de processamento para executar numerosos protocolos e cálculos tanto na criação de um NFT, quanto em cada vez que ele é movimentado de uma carteira digital para outra.
Todo esse processo consome energia. Tipicamente, as redes utilizadas para processar e registras NFTs são as mesmas de criptomoedas, como a ethereum, da moeda digital ether (ETH). Isso significa que toda vez quem uma obra de arte digital é criada como um token não fungível e sempre que ele for comprado e revendido, uma certa quantidade de energia será gasta.
NFTs da cantora Grimes geraram 79 toneladas de CO2
Como um exemplo prático, a plataforma Cryptoart.wtf revelou o impacto ambiental estimado causado pela venda de centenas de NFTs da cantora Grimes. A artista registrou 303 edições de um curto vídeo como tokens não fungíveis e vendeu cada um por US$ 7.500.
A venda consumiu no total 122,416 kilowatts-hora de eletricidade, que equivale a aproximadamente 79 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera emitidos por usinas elétricas. Essa mesma quantidade de energia poderia alimentar uma residência comum europeia por 34 anos.
Com informações: Gizmodo
Calculadora de impacto ambiental de NFTs acaba devido a “abuso e assédio”
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