A tecnologia Mini LED chegou aos televisores, e a QN90A é a melhor representante 4K da Samsung no Brasil em 2021. Na frente de tudo, ainda temos um painel LCD com pontos quânticos que promete 100% do volume de cores. A grande mudança está atrás: cada LED para iluminar a tela foi substituído por 40 LEDs minúsculos, que podem atingir picos de brilho maiores e, principalmente, melhorar o contraste.
Além da evolução tecnológica, a Neo QLED 4K mais cara da Samsung tem design fino, novos recursos de software para se integrar aos outros dispositivos da sua casa e taxa de atualização de 120 Hz, com funções sob medida para quem gosta de jogar na TV. Será que vale a pena? Eu assisti a dezenas de horas de conteúdos na Samsung QN90A nas últimas semanas e conto minhas impressões nos próximos minutos.
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Análise da Samsung Neo QLED QN90A em vídeo
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A QN90A foi fornecida pela Samsung por empréstimo e será devolvida à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
Design, conexões e controle remoto
Antes de ligar a TV, o design é o primeiro detalhe que salta aos olhos. A nova tecnologia de iluminação permitiu que a QN90A ficasse mais esbelta, com menos de três centímetros de espessura. Ainda não surpreende como uma OLED, mas não deixa de impressionar, especialmente se você optar pela instalação na parede. Se for colocar a TV sobre um móvel, tudo bem também: a base de metal, bem pesada, agrada pelo visual minimalista e por ocupar pouco espaço.
O que me decepciona é a ausência do One Connect, que centraliza as conexões em uma caixa externa e facilita a organização dos fios. Essa exclusividade da Samsung, que eu admirava há muito tempo, foi encarecendo progressivamente: ela estava até na Q7FN (um modelo intermediário de 2018), então ficou restrita à Q80R (uma TV mais cara de 2019), depois ficou só para a Q95T (a topo de linha de 2020) e… não existe mais em nenhuma 4K da marca no Brasil em 2021. Fica a impressão de que, a cada ano que passa, uma nova TV da mesma categoria tem menos recursos que na geração anterior.
As conexões estão do lado direito, e aqui também temos uma daquelas escolhas da Samsung que me deixam com um pé atrás: enquanto as rivais colocam até quatro portas HDMI 2.1 em suas TVs, a QN90A tem uma única HDMI 2.1 e outras três HDMI 2.0. Não chega a ser um grande ponto negativo, já que a maioria não terá mais de um dispositivo que se beneficie do HDMI 2.1, como um videogame de última geração, mas é decepcionante saber que essa “economia” foi feita em uma TV de mais de R$ 10 mil.
Já o controle remoto é uma bela surpresa. Enquanto certas empresas simplesmente tiram carregadores e fones de ouvido da caixa justificando uma preocupação com o meio ambiente (o que seria uma causa muito nobre), a Samsung fez algo mais sustentável e benéfico ao consumidor nas TVs: agora, o controle remoto não tem mais pilhas e pode ser recarregado por energia solar.
Além de estar mais fino, o controle remoto SolarCell manteve a boa ergonomia e os pouquíssimos botões, um layout que me agrada bastante. Na parte inferior, existe uma porta USB-C para abastecer a bateria caso ela acabe, mas talvez você até esqueça que ela exista: mesmo no inverno, com o tempo fechado da capital paulista e sem tanto sol, eu terminei o primeiro mês de uso com mais carga do que comecei.
Qualidade de imagem
Mas vamos ao que realmente interessa na QN90A, que é a qualidade de imagem de uma nova tecnologia. Eu estava bastante empolgado com o Mini LED, porque fazia tempo que não tínhamos um avanço expressivo nas TVs LCD. Teoricamente, o Mini LED poderia chegar mais perto do contraste e da profundidade de preto do OLED, mas com brilho mais alto e sem nenhum medo de burn-in. E deu certo.
A QN90A me surpreendeu pelo fortíssimo brilho sustentado, que faz diferença na hora de brigar contra os reflexos se você estiver em um ambiente com muita incidência de luz solar. Em conteúdos esportivos, filmes mais claros ou até para usar a TV como monitor, a tela Neo QLED 4K mais cara da Samsung faz bonito e deixa quase todo mundo para trás. É importante até ativar o modo inteligente (ou pelo menos o brilho automático, se você for purista demais), porque o brancão à noite pode incomodar a vista.
O contraste também ficou excelente. É claro que isso depende das suas expectativas: se você acreditava que um LCD poderia ficar no mesmo nível de um OLED só por causa de uma tecnologia nova de iluminação, pode tirar o cavalinho da chuva. Mas a QN90A tem o melhor recurso de escurecimento local e a melhor profundidade de preto que eu já vi em uma TV com esse painel, do tipo que faz um fã de OLED começar a olhar com carinho para as outras opções do mercado.
Em testes sintéticos, eu notei um certo atraso nas zonas de iluminação quando um ponto de alto contraste mudava rapidamente de região. Ainda assim, o resultado foi melhor que em outras TVs que reconhecidamente tinham um bom full-array local dimming, como a Sony X955G. Em conteúdos reais, gostei bastante da experiência na QN90A, sem nenhum ponto negativo absurdo, diferente de alguns modelos anteriores da Samsung que criavam nuvens bem perceptíveis em torno de legendas.
As cores agradam, apesar de serem mais saturadas que na vida real para surpreender os olhos, e o input lag também não fica atrás, sempre abaixo dos 15 milissegundos no modo de jogo em 4K a 60 Hz, o que é excelente para quem joga. A uniformidade do preto é muito boa e o ângulo de visão não deve decepcionar mesmo quem tem salas de estar mais largas, já que a Samsung repetiu o bom trabalho que vem fazendo em seus painéis VA mais caros.
Se for para criticar a imagem, eu só queria ressaltar o que já comentei em reviews anteriores de TVs QLED, mas agora com mais ênfase: Samsung, por favor, pare de insistir tanto no HDR10+ e inclua logo o Dolby Vision nas TVs. Toda a concorrência já adotou a tecnologia da Dolby nos modelos premium. Essa briguinha de padrões de HDR não tem mais graça.
Qualidade de som
Já o som integrado da TV tem muita qualidade e pouca imersão. Isso parece contraditório, mas está ao encontro do que a Samsung vem fazendo em suas TVs premium mais recentes: como é fisicamente impossível colocar um alto-falante com graves poderosos em uma TV tão fina, a empresa parece ter desistido das baixas frequências no som integrado e deixou esse trabalho para uma soundbar com subwoofer que você provavelmente vai querer comprar.
Fica claro que a Samsung jogou a toalha porque a QN90A tem um dos graves mais fracos que eu já presenciei em um som integrado de TV. Os subgraves, que fazem você sentir as batidas, simplesmente não existem. E a empresa não fez questão de elevar os médio-graves na equalização padrão para tentar enganar seus ouvidos (o que, no final das contas, foi bom, já que essa prática tende a embolar o resto do espectro).
A QN90A tem um sistema de som em 4.2.2 canais com potência total de 60 watts, sendo que os speakers estão espalhados atrás da tela, em vez de ficarem concentrados na parte inferior, como na maioria das TVs. Esse esquema sonoro é usado para o recurso Som em Movimento Plus, que tenta acompanhar o som dos objetos em movimento na cena. Não é nada que impressione à primeira vista, especialmente quanto os alto-falantes integrados estão trabalhando sozinhos.
Mas a coisa muda de figura ao conectar um equipamento compatível com a tecnologia Sincronia Sonora (antes conhecida como Q Symphony). Ao instalar uma Samsung Q600A, por exemplo, a TV consegue trabalhar em conjunto com a soundbar (ênfase no “em conjunto”). Os alto-falantes integrados da QN90A, que são até bons, com clareza, dinâmica e volume, mas sem nenhum grave, emitem parte do som, enquanto a soundbar se encarrega de amplificar a potência e soltar as batidas de verdade.
O resultado de uma QN90A ligada a uma Q600A é excelente, mas acaba deixando a brincadeira ainda mais cara, já que essa soundbar, a mais simples e “acessível” de 2021 da Samsung com suporte ao recurso Sincronia Sonora, tem preço sugerido de R$ 3.099. Para quem joga, é a mesma sensação de estar pagando o preço de um bom jogo completo em um DLC.
Software e funções de Smart TV
O sistema operacional da QN90A é o Tizen 6.0, que traz a reformulação visual das TVs de 2020 da Samsung, com uma interface mais escura e menos distrações. A fluidez nas animações e a agilidade nas telas, que são grandes forças do software da Samsung, continuam presentes. Os recursos que você já espera em uma TV da marca estão aqui, como o SmartThings para integrar outros dispositivos da casa e o trio de assistentes pessoais Bixby, Alexa e Google.
O Modo Ambiente, que a Samsung destacava bastante em apresentações de TVs e mostrava uma galeria de fotos, previsão do tempo ou uma imagem para se integrar à decoração do ambiente, perdeu espaço. Perdeu espaço inclusive no controle remoto, já que o antigo botão dedicado para chamar o recurso foi substituído para um atalho para o Multi View. Esse sim, é um recurso que enxergo bastante valor.
Com o Multi View, enquanto você estiver assistindo a uma corrida de Fórmula 1 ao vivo, por exemplo, pode espelhar a tela do seu celular no canto da TV, mostrando o painel dos tempos de cada piloto. O conteúdo secundário pode ficar nesse esquema Picture In Picture (PIP) ou então do lado do conteúdo principal. A implementação ficou muito boa, e a Samsung aproveita os alto-falantes espalhados atrás da tela para emitir o som no canto em que o conteúdo estiver sendo exibido.
De resto, você pode esperar a mesma praticidade do Tizen, com uma interface bem pensada que não obstrui o conteúdo; e a mesma variedade de aplicativos, sendo que Netflix, Amazon Prime Video, Disney+, Apple TV+, Globoplay, Telecine, YouTube e Samsung TV Plus vêm pré-instalados. Outros serviços, como Spotify, HBO Max e DirecTV Go, podem ser encontrados na loja da Samsung.
Vale a pena?
Vale a pena, mas com ressalvas. Para mim, a Samsung QN90A é um belo respiro para as TVs LCD, que careciam de mudanças relevantes há um bom tempo. A Samsung caprichou na qualidade de imagem e minimizou pontos negativos típicos da tecnologia, como o nível de preto, que ficou excelente, ao mesmo tempo em que fortaleceu ainda mais o branco. Só algumas economias estranhas por parte da Samsung é que jogam contra o modelo, mas elas não tiram o brilho da TV, com o perdão do trocadilho.
Comprar uma QN90A e usar apenas o som integrado é uma heresia, já que os alto-falantes espalhados pela tela, sozinhos, não fazem jus à qualidade de imagem. Então bote mais alguns milhares de reais na conta se quiser assistir aos seus filmes ou mesmo jogar com mais imersão. E é claro que, quando falamos em jogar, é difícil de engolir que a TV 4K mais cara da Samsung no Brasil tem apenas uma porta HDMI 2.1, sendo que a LG, principal concorrente, coloca duas ou até quatro em TVs mais simples.
Falando na concorrência, a alternativa mais próxima da QN90A seria a LG C1, sucessora da LG CX que já analisei no Tecnoblog. O OLED tem um contraste impecável e ainda superior ao que a Samsung atingiu com o Mini LED, mas não sustenta um brilho muito forte e perde em ambientes claros. Outra opção seria a nova LG QNED90, também com tecnologia Mini LED, que eu gostei quando vi de perto, mas que ainda não posso opinar com propriedade por não ter feito a mesma análise rigorosa que fiz com a QN90A.
Ainda assim, no seu devido segmento, que é o das TVs 4K mais caras do mercado, eu diria que a QN90A é uma opção sólida para a maioria dos potenciais compradores (ou seja, aqueles que veem sentido em gastar cinco dígitos em uma TV de 55 polegadas). O contraste é ótimo, as cores agradam, o brilho é surpreendente e os extras, como o controle remoto solar e o software cheio de funções valiosas, formam um conjunto muito interessante.
Especificações técnicas
- Modelo: Samsung QN55QN90A
- Tamanho do painel: 54,6 polegadas (138,8 cm)
- Resolução: 3840×2160 pixels
- Taxa de atualização: 120 Hz
- Tipo de painel: VA LCD (Mini LED)
- Tecnologias de imagem suportadas: HDR10, HDR10+, HDR10+ Adaptative
- Potência dos alto-falantes: 60 watts
- Tecnologias de áudio suportadas: Sincronia Sonora, Som em Movimento Plus, SpaceFit, Dolby Digital Plus
- Sistema operacional: Tizen 6.0
- Consumo de energia: 230 watts (máximo), 0,5 watt (standby)
- Entradas de vídeo: 3 HDMI 2.0, 1 HDMI 2.1, 1 RF
- Saídas de áudio: 1 saída de áudio óptica digital
- Outras conexões: 2 USB 2.0, Wi-Fi 802.11ac, Bluetooth, Ethernet
- Dimensões (largura x altura x profundidade): 122,7×70,6×2,7 cm (sem a base) e 122,7×76,8×23,6 cm (com a base)
- Peso: 17,7 kg (sem a base), 21,9 kg (com a base)
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