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Facebook cria polêmica ao banir equipe que estudava anúncios políticos

Na divulgação de resultados trimestrais, o Facebook reiterou sua ferramenta de anúncios digitais continua sendo a “galinha dos ovos de ouro” do faturamento da empresa trilionária. Mas ela também é alvo das maiores polêmicas envolvendo a rede social: a mais recente diz respeito ao banimento de uma dupla de pesquisadores da NYU (New York University), que estudava como as propagandas políticas se espalham pela plataforma.

App do Facebook (Imagem: Thomas Sokolowski/Unsplash)

App do Facebook (Imagem: Thomas Sokolowski/Unsplash)

Pesquisadores da NYU usavam plugin, alvo da suspensão

O Facebook não faz checagens de anúncios políticos veiculados dentro de sua plataforma. Isso levou dois pesquisadores do Centro de Cibersegurança pela Democracia da NYU a desenvolverem um plugin chamado Ad Observatory.

O plugin — disponível no Google Chrome e no Mozilla Firefox — coleta dados de como anúncios políticos chegam aos usuários, e avaliam por que eles são alvos desse tipo de propaganda no Facebook. Todas as informações coletadas pelo Ad Observatory eram abertas a jornalistas e outros pesquisadores.

Mas a página foi tirada do ar. O Facebook não apenas suspendeu os dois pesquisadores, mas tirou do ar o perfil oficial do Ad Observatory e todos os envolvidos no projeto da NYU. Isso limita o acesso da pesquisa à Ad Library e ao CrowdTangle — duas ferramentas importantes para monitorar como os anúncios afetam compartilhamentos de postagens.

Facebook faz advertências à equipe desde 2020

A atitude drástica foi tomada após diversos avisos feitos aos pesquisadores, de acordo com um blog post escrito por Mike Clark, Diretor de Gerenciamento de Produtos do Facebook.

O executivo diz que a rede social decidiu banir a dupla da NYU porque o Ad Observatory fazia uma raspagem de dados sensíveis e que violam os termos de uso da plataforma, a privacidade dos usuários e as regulamentações impostas pela Comissão Federal de Comércio (FTC).

“Nós contatamos os pesquisadores um ano atrás, no verão de 2020, e dissemos que a extensão do Ad Observatory violaria nossos Termos mesmo antes da ferramenta ser lançada”, diz Clark. “Em outubro, nós enviamos a eles uma nota formal que avisava novamente sobre a violação dos nossos Termos de Serviço e demos o prazo de 45 dias para que cumprissem com nosso pedido de suspender a raspagem de dados. Esse prazo acabou no dia 30 de novembro […]”.

Senadores dos EUA e Mozilla criticam Facebook

Congressistas dos EUA reagiram com revolta à suspensão dos pesquisadores da NYU. O senador Roy Wyden (D-OR) usou o Twitter para chamar a atenção de que o motivo de proteção da privacidade para justificar o banimento é um blefe do Facebook.

“Depois de abusar da privacidade dos usuários por anos, é conveniente para o Facebook usar isso como desculpa para banir pesquisadores expondo os problemas da plataforma. Eu perguntei à FTC para confirmar que essa justificativa é tão absurda quanto parece” – @RonWyden

Já o senador Mark Warden avalia a decisão da rede social como “profundamente preocupante”:

“Já passou da hora do Congresso de agir e levar mais transparência ao mundo obscuro dos anúncios online, que continuam a causar fraudes e condutas criminosas”

A Mozilla, que disponibiliza o plugin do Ad Observatory, entrou na briga: o chefe de segurança da desenvolvedora, Marshall Erwin, afirmou em um post no blog oficial da companhia que a justificativa usada pelo Facebook para banir os pesquisadores “não para em pé”.

A companhia responsável pelo navegador conduziu diversos testes de segurança para certificar a extensão dentro do Firefox. A conclusão foi de que o Ad Observatory respeita a privacidade dos clientes e não coleta dados pessoais sensíveis de usuários do Facebook — apenas de anúncios e anunciantes.

O Facebook também afirma que a extensão coleta dados de usuários sem permissão, mas a Mozilla desmentiu isso também: “o Ad Observatory não raspa dados de seus amigos”, diz Erwin.

Com informações: The Verge [1], [2] e TechCruch

Facebook cria polêmica ao banir equipe que estudava anúncios políticos

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